Um Pequeno Sopro de Vida

24/12/2023

24.12.23

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Estava perdido e sozinho naquele lugar desconhecido, longe do aconchego da sua mãe e do seu ninho. Aflito, guinchava para qualquer som ou movimento que percebesse, na triste ilusão de ser sua protetora que vinha ajudá-lo. Era um filhotinho de andorinha recém-nascido com talvez dois ou três dias de vida.

Encostou-se em um canto quente e lá ficou no aguardo de ser resgatado. Então, ouviu um som doce e calmo dando-lhe conforto. Ficou excitado e instintivamente guinchou e abriu o bico aguardando comida, achando ser sua mãe. Sentiu ser pego por algo quente e delicado, não sabendo o que era.

Foi levado e colocado em um lugar mais quente. Estava faminto. Ofereceram-lhe uma pasta de algo que não conhecia diferente do que sua mãe lhe trazia, e afoito, engoliu-a de uma vez, e depois por mais duas vezes. Sentiu-se melhor.

Mas, sua mãe lhe fazia muita falta. Falta do seu calor, das bicadas de carinho que recebia no pescoço, de dormir sob suas penas quentes, sentindo sua pulsação. Guinchou mais forte chamando-a. Nada!

O tempo passou, ele sendo alimentado e aconchegado, mas sem resposta dela aos seus pedidos de socorro, deixava-o triste e decepcionado.

Então, pensou que ela o tenha largado por ainda não ter aberto os olhos, ter os pés tortos e ser muito pequeno, diferentemente dos seus irmãos. Entristeceu-se ainda mais, abatendo-lhe a vontade de lutar pela vida. Foi perdendo o apetite e a esperteza de antes. A tristeza, a angústia e a decepção tomou-lhe conta.

Dois dias depois, entregou-se. Foi um pequeno sopro de vida.


Foto do filhote